Como ganhar um pouco mais de qualidade na hora que você for tocar com um computador? Afinal de contas, não é porque o arquivo é digital que isso garante a qualidade dele. Ao contrário: qualquer um pode gerar um arquivo mp3 com facilidade, ao contrário das gravações em estúdio. E por isso, você tem que ficar esperto quando lida com mp3.
a música digital está cada vez mais presente na cabine do DJ. É uma baita vantagem, claro: você pode encontrar as canções rapidamente, organizá-las do jeito que te parecer mais fácil e carregar milhares de faixas dispensando cases de vinil ou CDs. Além disso, dá para tocar a mesma faixa em dois decks ao mesmo tempo e mixar músicas do mesmo disco. Tocar com música digital, porém, também tem seus pontos fracos em comparação aos tradicionais CDJs e picapes. O primeiro problema é bem conhecido da maioria do pessoal que tem se aventurado pelos controladores midi e emuladores de vinil: dá mais trabalho botar o equipamento pra funcionar, ao contrário dos tradicionais CDJs e picapes que só precisam ser conectados ao mixer e à uma tomada. Você não imagina o inferno que acontece quando chega um DJ de Serato e outro de Final Scratch no mesmo dia…
Outro problema que me chama a atenção é a qualidade de som. Muitas vezes, canções convertidas em mp3 não têm a mesma qualidade dos CDs e discos. E isso faz uma diferença considerável no que o pessoal ouve na pista. Em casa ou no seu tocador de mp3, a qualidade do arquivo não faz muita diferença. Mas quando a música é reproduzida em um belo conjunto de caixas de som, as deficiências do mp3 ficam bem mais aparentes.
Além disso, é preciso entender que o conjunto laptop/controlador midi/emulador de vinil é um animal diferente de picapes e CDJs. Os computadores precisam processar a música digital antes de tocar. Isso pode levar a engasgadas durante o set ou – pior – até mesmo o travamento da máquina.
Pensando nisso, separei algumas dicas para quem está começando a usar essas novas ferramentas de DJing. Talvez elas pareçam básicas demais, mas acho que são esses cuidados que vão fazer a diferença na hora que você estiver virando.
MP3, bitrates e encodamento
Acho que essa é a mais óbvia das dicas. Mas a qualidade do MP3 influencia absurdamente no que as pessoas ouvem na pista. Isso porque o MP3 não é uma cópia exata da música gravada em um CD. Ele é um arquivo que contém boa parte das informações sonoras de uma canção. Só que para ter seu tamanho reduzido – e poder ser trocado rapidamente pela internet – o MP3 despreza algumas informações.
O pessoal do Instituto Fraunhoffer, os criadores do MP3, alega que esses sons desprezados não são ouvidos pela maioria das pessoas. O que faz sentido: em muitos aparelhos de som, principalmente os domésticos, as diferenças passam meio batidas. Mas essas debilidades ficam aparentes em um bom sistema de som, sim.
Os formatos com qualidade mais baixa são os de 64, 96, 112, 128 e 160 kbps, sendo que o último eventualmente pode ser usado, enquanto os outros devem ser evitados. Um MP3 com qualidade de 192 kbps tem pouca diferença entre a música gravada em CD. Acima disso, nas qualidades de 256 e 320 kbps, não dá para sacar se o que está tocando é um mp3 ou um CD.
O tipo de encodamento é outro problema menor. Algumas músicas são codificadas com um bitrate variável, chamado de VBR, que exige mais processamento do computador e tem qualidade menor. Melhor é usar os arquivos de bitrate constante, ou CBR. Você pode conferir essas informações simplesmente selecionando a opção “propriedades? no programa de música que você usa.
Resumindo: evite tocar com arquivos com qualidade abaixo de 192 kbps. Se “aquela? música que você adora não tiver boa qualidade e você não encontrá-la em lugar algum, paciência, vá com ela mesmo. Mas você ainda pode tentar baixar a música novamente, de uma outra fonte que tenha o mp3 em qualidade superior; comprar o disco/CD e converter para o seu computador com qualidade máxima ou pagar pela faixa em um site de downloads (Beatport, Juno, eMusic, etc.)
Dando uma geral na sua coleção
Uma vantagem do MP3 é que você pode dar uma “polida? nas faixas antes de tocá-las. Com a ajuda de um editor de áudio, você pode aumentar o volume, retirar silêncios indesejados e até dar uma incrementada nos graves, médios ou agudos, o que pode ser uma boa no caso de músicas com qualidade mais baixa..
Existem vários programas que fazem isso (Pro Tools, Audition 2.0, Sound Forge, Nero, etc.). Um que quebra bem esse galho e é gratuito é o Audacity (http://audacity.sourceforge.net).
Em linhas gerais, vale a pena aumentar um pouco o volume dos mp3, assim você não precisa jogar o ganho no máximo no caso de tocar uma faixa muito baixa – e música assim tem aos montes na internet, acredite. Os ajustes devem ser feitos aos poucos: se aumentar demais o volume, a música vai distorcer.
Outra idéia é remover o silêncio que às vezes vem no fim das canções. Isso porque a maioria dos programas entende o silêncio como parte da música e vai fazer um cálculo errado da duração da faixa.
Sem falar que você ainda pode fazer cortes e usar alguns efeitos para fazer um remix exclusivo. Vale, desde que você não revenda a música: primeiro porque é ilegal. Depois, se você passar a faixa pra frente, ela deixa de ser exclusiva, certo?
Deixa o computador trabalhar
Programas de DJing costumam analisar as músicas para determinar o volume, os BPMs, duração, e exibir a canção graficamente (os waveforms). O processo leva alguns segundos por mp3, dependendo da velocidade do computador. Só que no caso de você ter milhares de mp3, esse processo demora muito mais. Aliás, esse é um problema bastante comum nos fóruns de diversos fabricantes de programas de DJing.
O que fazer? Simples, deixe o computador analisar sua coleção de músicas beeeem antes de você pensar em tocar. Isso é chato e consome tempo. A vantagem é que muitos programas, como o Torq, o Traktor e o Virtual DJ, fazem a análise dos mp3 apenas uma vez. Assim, seu notebook não vai ter que analisar a música no meio do set e você evita o risco do programa engasgar e até mesmo travar, dependendo da velocidade e da memória da máquina.
Se organize
A vantagem de tocar com o laptop é que dá para carregar muito mais música no computador, com muito menos peso. Mas tem gente que exagera. Outro dia tinha um post no fórum da Torq de um camarada reclamando que o computador levava cerca de meia hora para carregar a coleção de músicas – de 80 mil faixas! Na boa, duvido que alguém precise de tanta música assim pra uma noite. E nem você precisa.
O lance é se organizar para encontrar rapidinho aquilo que você vai tocar. E a maioria dos programas de DJing oferecem a comodidade de organizar as músicas em playlists. Fazer diferentes playlists, por estilo, noite, BPM ou clima (o que for melhor para você) pode ser uma boa maneira de se localizar no meio de milhares de canções.
Bom, é isso. Ficou meio grande e acho que até chovi no molhado em alguns casos. Mas espero que sirva pra alguma coisa, principalmente para quem está começando a brincar com essas novas tecnologias.
Abraços e até a próxima!
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