A história desse DJ inicia como a da grande maioria: realizando pequenas festas para amigos, motivado por grandes DJs da chamada "oldschool".
Por ser autodidata, aprendeu sozinho as técnicas de mixagem, bem como o manuseio dos equipamentos, sempre ouvindo os conselhos dados por profissionais da área. Com o advento da internet, pesquisar e manter-se atualizado tornou-se uma obrigação.
O tempo passou, o que era sonho tornou-se realidade e, desde 1997 atua em festas e eventos diversos com muita técnica e feeling, conquistando a pista a cada nova música executada.
Detentor de grande conhecimento sobre estilos musicais, consegue realizar festas de acordo com o solicitado pelo cliente, seja numa balada, seja num evento social.
Já foi convidado a se apresentar em casas como Paddy's, Pub, Ibiza Club, Red Club, Espaço Vila Olímpia, Club A, Mohema Bar, além de festas como Live2007, Bichos-FATEC/SP, Halloween Wizard Idiomas, Enygma (juntamente com o DJ Alex Hunt), entre outras. Foi residente nos bares Blá e Sr. Pitanga, durante 1 ano e meio, tocando muito House, hits de rádio e flashbacks.
Roger,a quanto tempo vc e dj e o que te fez querer seguir essa profissão?
Comecei
fazendo minhas festinhas em 1995, para amigos e parentes, usando um
'três-em-um' e um discman… Segurava a fita K-7 no dedo, pra tentar
igualar as batidas.. Falta total de recursos! Mas, só a partir de 1997 é
que realmente comecei a receber a nomeação 'DJ', pois acho que é algo
que você ganha do público, pelo reconhecimento ao seu trabalho, e não
algo que você mesmo se dá, para se mostrar para os outros, o famoso
"status".
Amor à música e a forma como ela mexe com as
pessoas é o motivo que me fez seguir essa profissão. Nunca tive muito
interesse por aprender a tocar um determinado instrumento (apesar de
gostar muito do som do violino e do sax), além de ter vindo de família
com poucos recursos financeiros, dificultando mais ainda a coisa como um
todo.
Acho
que hoje, não existe mais diferença no momento em que o DJ está
realizando seu trabalho, pois, em ambas as modalidades (evento social /
casa noturna) sempre tem o engraçadinho que quer pedir música. Na minha
opinião, por uma questão cultural, o brasileiro ainda não entendeu o
papel do DJ na noite, e insiste em querer dar seu pitaco. Quando é
música boa, ótimo, agora, tem uns pedidos.………………
Porém,
na questão do cachê, o evento social ainda tem dado mais retorno que a
casa noturna. No caso da casa noturna, os donos via de regra não estão
nem aí pro DJ residente: pagam mal, reclamam de quase tudo que o DJ faz,
e simplesmente viram as costas pra ele quando a casa bate recorde de
faturamento. Via de regra, não prestam para elogiar, apenas para
criticar.
O que é mais gratificante para um dj residente?
O
reconhecimento do público! A pessoa que pede seu cartão e, no dia
seguinte, te manda um email elogiando o trabalho, a forma como você
conduziu a noite. Ou mesmo, você ouvir dos garçons, que circulam a noite
inteira pela casa, que o som tá muito bom, muitas pessoas já elogiaram…Isso, dinheiro nenhum paga!
"DJ"
e "valorizado" são palavras que sequer deveriam constar na mesma frase.
Como disse anteriormente, o brasileiro ainda não entendeu o papel do DJ
na noite. E, talvez por isso, é que haja tanto menino de 15, 16 anos
aí, dizendo que é DJ e tocando de graça pra aparecer. Considerando que o
DJ, como todo profissional, tem um custo operacional (equipamentos,
compra de músicas, deslocamento, alimentação, vestuário, etc..), receber
50, 80, reais para tocar a noite toda, não pode ser entendido como
reconhecimento.
A média que os clubs e bares pagam
aqui em SP, varia muito. Vai desde a comanda "free", onde o DJ pode
comer e beber o que quiser durante a noite, até valores entre 200 e 300
reais. Porém, um aviso: só se ganha esse valor se você for indicado por
alguém muito ligado à diretoria da casa, e a casa tiver um faturamento
bem alto. Claro, estamos falando de DJ desconhecido, que não tem
aparição em rádio, tv, etc… Se você for o chamado TOP DJ, aí, sim, seu
cachê pode partir dos 1500 reais, chegando até a 8, 10 mil, dependendo
do club/evento.
É difícil agradar publico e gerencia ao mesmo tempo?
Bastante.
Novamente, toco no quesito cultura. A 'gerência' nem sempre entende a
"história"que o DJ quer contar naquela noite, através de seu set. Como
dizia o falecido Ricardo Guedes, "… Esse negócio de trocar energia é com
o DJ! O DJ é o cara que mais troca energia! Ele manda uma música, a
galera responde, ele manda outra, a galera responde… ". Porém,
infelizmente, por essa falta de cultura, a "gerência" da casa não
entende isso e acaba sendo inconveniente com suas "sugestões". Também há
aquele público que quer pagar de "cult", mas está fazendo isso da forma
errada e no local errado. Às vezes, a casa pode estar lotada, faturando
bem, mas sempre tem o incauto que quer dar opinião no repertório, pq
algum amiguinho dele falou que, se tocar "aquela" música, a noite ficará
mais animada, etc.. O que este tipo de pessoa não sabe, é que,
infelizmente, a noite não é feita de uma música só. Se eu tocar
'Titanium' do David Guetta 3x na noite, com certeza ouvirei: "poxa, DJ,
vc não tem repertório, não? Só tem essa música?". Além de DJ, temos que
ser bons psicólogos! (risos)
Antigamente
o DJ(Discotecário) ficavam anos trabalhando na mesma casa, hoje a
rotação é muito grande e a pouca segurança de se manter o emprego, o que
mudou?
Acredito que isso
acontece, em parte pela grande oferta de mão-de-obra, seja ela
especializada ou não, e em parte pelo fácil acesso à música, que a
internet ocasionou. Antes, pra você ter um lançamento em vinil, ou você
tinha os contatos certos, ou não tinha o lançamento. Hoje, a música é
lançada na Europa, 2 dias já tem DJ de 50 reais tocando aqui no BR. E,
vamos parar com essa palhaçada de dizer que há espaço pra todos, porque,
se houvesse, ninguém estava reclamando de não ter GIGs pra tocar!
DJ que sequer sabe
igualar duas músicas querendo dar uma de sabe-tudo, cobrando merreca (ou
às vezes, nada) pra tocar. Dono de casa noturna que acha que é alguma
coisa nessa terra pq tem uma conta bancária um pouquinho mais
exacerbada. E, a mistura dos dois.
Mudando
um pouco de assunto vc criou a empresa FESTAGORA, me diga como funciona
ser dj e empresario ao mesmo tempo? Vc faz tudo sozinho?
Sim,
faço tudo sozinho. Trabalhei como empregado durante 10 anos e vi que
aquilo não era para mim. Comecei a trabalhar como DJ, a coisa foi
aumentando e, de repente, percebi que, se quisesse oferecer um
diferencial ao meu cliente, teria que ter uma marca, uma empresa
legalmente constituída. Hoje, isso é praticamente obrigação.
Sou
o Administrativo, o Marketing, o Jurídico, o Técnico, o DJ, enfim… Mas
não me arrependo. Cresço da forma como posso, não dando o passo maior do
que minhas pernas consigam alcançar, como já dizia o ditado popular. O
dia que ver que o crescimento está ficando além dos meus olhos,
começarei a contratar funcionários para gerenciar as atividades que eu
não conseguir.
Como vc faz para o nome FESTAGORA ser conhecido? Envolve muito investimento?
Sim,
envolve investir em fazer um bom trabalho, mesmo havendo milhares de
pessoas que não entendem a diferença entre um bom e um péssimo trabalho
e, mesmo havendo milhares de concorrentes que vendem o mesmo trabalho
por 10% do valor "normal".
Dá
muito trabalho montar um evento? Digamos montar som e luz para um
casamento,quantas horas de trabalho são colocado em cada evento?
Bastante.
Vamos usar um exemplo hipotético: para um casamento para 200
convidados, que inicie às 21hs, às 19h eu já estou com tudo montado.
Para isso, chego no local do evento por volta das 12hs. Quando o evento é
maior, e envolve um maior número de equipamentos, contrato ajudantes e
montamos tudo com 1 dia de antecedência. "Resumo-da-ópera", totalize
algo em torno de 12 a 14hs de tempo investido no evento como um todo.
Novamente,
baseado em fazer um bom trabalho, e é realmente isso que eles esperam.
Mas, estou falando de cliente que entende a diferença que um
"profissional" e um "aprendiz" pode causar em um evento que é preparado
com 1, 2 anos de antecedência, como é o caso de um casamento.
Roger,
hoje o mundo dj esta em crise, BBB's,artistas,modelos,dançarinas e
leigos todos atacam de dj, na sua opinião isso atrapalha aos
profissionais do ramo?
Na minha
opinião, atrapalha. Acho que a grande exposição da figura do DJ na
mídia, e a forma como isso acontece, mostrando somente a parte do
"glamour" da profissão, dá uma dimensão errada a quem quer começar
agora. E, como vimos acima, não é bem assim, há muitas outras coisas
envolvidas.
Mas, para o promoter da casa que já está
praticamente falida, é vantagem "investir" milhares de reais pra trazer
um Pseudo-DJ-Ex-BBB pra "tocar", pois assim atrairá público,
visibilidade e, consequentemente, LUCRO para sua casa. Novamente, a
questão cultural: o problema é de quem PAGA para ver todo esse circo, e a
forma como isso é interpretado pelos menos providos de cultura, que
acham que qualquer um pode ser dj da noite para o dia, sem estudo, sem
conhecimento musical. O DJ praticamente dita um comportamento através do
estilo musical que toca. Como é que uma pessoa que sequer sabe a
diferença entre o estilo "A" e o estilo "B" pode ditar um comportamento?
Para ensinar, vc precisa, primeiro, aprender! (risos)
Qual
a importância da regularização da profissão? E o que seria necessário
após a profissão ser aprovada de se fazer para que todos os djs fossem
beneficiados?
Antes de mais nada,
como é um assunto que envolve o SINDECS, e como sou membro da Diretoria
Executiva deste Sindicato, quero deixar bem claro que o que vou escrever
é MINHA opinião e, em nenhum momento reflete a opinião DO SINDECS.
Bem…
Dentista tem CRO, Médico tem CRM, Engenheiro tem CREA, Advogado tem
OAB. São profissões importantes, certo? E, quando o médico, o dentista, o
engenheiro, o advogado saem à noite para se divertir, ouvir boa música,
por que não ter um PROFISSIONAL no local onde eles vão, para propiciar
uma noite agradável, divertida, para se esquecerem do stress cotidiano? É
neste ponto que bato sempre: se os profissionais que nos prestigiam têm
seus equivalentes registros no Ministério do Trabalho, têm planos de
carreira, aposentadoria, auxílio médico, etc., por que NÓS não podemos? É
absurdo o regresso do governo em ainda não ter reconhecido DJ como
PROFISSÃO.
Com relação ao que será necessário, ainda
não posso adiantar nada, pois há uma série de normas que devem ser
criadas e aprovadas, em conjunto com MEC e Ministério do Trabalho, para
determinar qual será a formação necessária para uma pessoa que, HOJE,
desejar ser um DJ.
Novamente,
quero deixar bem claro que o que vou escrever é MINHA opinião e, em
nenhum momento reflete a opinião DO SINDECS: na MINHA opinião, acredito
que tudo que venha a contribuir positivamente para um grupo de pessoas
com atividade em comum, é benéfico. Tanto para o DJ de evento social,
como para o de balada, num cenário ideal ao meu ver, deveria haver uma
normatização no valor do cachê e locação de equipamentos (piso e teto).
Ex: vc não pode cobrar 10 reais na locação de uma máquina de fumaça,
mas, também não pode cobrar 500 reais. A mesma coisa pra cachê: num
exemplo simples, o mínimo que se cobraria para tocar por 2 horas, são R$
300,00. E, o cara que for pego cobrando menos que isso, pode até ter
sua licença para exercer a profissão, cassada! Claro, estamos falando de
um cenário ideal e, não podemos nos esquecer que vivemos nessa máquina
emperrada chamada BRASIL.
Vc
considera a lei onde o DJ fica sobre a categoria de técnico de som e
presos a um sindicato já formado por artistas,técnicos de som de
espetáculos,sonoplastas,artistas circenses boa para a classe?
Novamente,
quero deixar bem claro que o que vou escrever é MINHA opinião e, em
nenhum momento reflete a opinião DO SINDECS: Não. Acho que DJ é DJ,
técnico de som é técnico de som (apesar de MUITO DJ ter um conhecimento
semelhante – ou até superior – ao de técnico de som), então, coloquemos
cada um em seu devido lugar.
E para terminar Roger se vc pudesse mudar UMA coisa na cena DJ,o que seria?
Na
verdade, acho que não é apenas UMA coisa que está errada. É um
conjunto. E várias delas eu já citei acima. São as que eu mudaria. Mas,
claro, com cultura e bom senso, pois, aceitando tudo que a mídia nos
manda goela abaixo, fica realmente muito difícil mudar um cenário como
um todo. Precisamos abrir mais os olhos para as mensagens subliminares
com as quais a mídia nos bombardeia todo santo dia, e achar uma forma de
nos libertar disso. Somente quando isso acontecer, é que não só a
profissão DJ, mas, o país como um todo, mudará também!
FestAgora Produções e Eventos
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Skype: festagora_eventos
email: contato@festagora.com.br
show de entrevista!!!!parabens, muito explicativa e com pontos muito importantes!!!!!
ResponderExcluirRealidade pura, acompanhei o Roger desde o começo e participei de muitos eventos com ele e senti na pele a dificuldade que é você ter o reconhecimento pelo que você faz, ninguém reconhece o trabalho que você tem pata montar o equipamento, selecionar as músicas, aprender e treinar para que no dia do evento dê tudo certo, pensam simplemnte que voê é um tocador de música.
ResponderExcluirGostei muito da ideia e espero que continue a serie. Começo a ver que ser DJ não tão fácil como pensava!
ResponderExcluirParabéns Roger Manosi e Boca Salles. Adorei a entrevista. Sucesso à vocês!!!
ResponderExcluirBem legal Alex Salles pela iniciativa! Belo trabalho! Sucesso a todos!!
ResponderExcluirBoa!!
ResponderExcluirMandando bem sempre.
Tipo de visão que tem que ser mostrada como nesta matéria, quem sabe um dia a coisa mude!!
Grande abraço*