Natural de Itaperuna, Dj Rodrigo 2u, sem sombra de dúvidas, um dos grandes incentivadores da noite do Noroeste Fluminense, sempre lutando por qualidade musical.
Tocou na edição de 2011 da Fuck the Beach, festa de grande calibre no Underground Carioca, recebendo elogios de djs de peso da cena.
Participou da promoção "Hey Dj" promovida pela Rio Music Conferenc, que simplesmente é o Maior encontro sobre música eletrônica e entretenimento do Hemisfério Sul, se sagrando vencedor, e sendo premiado a tocar no evento na "Village Area", bem como seu set na Jovem Pan de Curitiba, e na Radio Dance Paradise, transmitida para mais de 40 paises!
Já se apresentou em grandes clubs da cena carioca como Baronneti, Nuth Lagoa, Namaste, Hideaway (Ficou por meses como residente mensal convidado pelo seu grande amigo Renato Edde), Pátio Lounge, Prelude, Fosfobox (Festa Bootleg ao lado de nomes de peso como Gorge - 8bit Recs, Marcio Careca, Leo Janeiro entre outros)
Rodrigo a quanto tempo vc é DJ profissional?
Em primeiro lugar, fico grato pelo convite da entrevista. Agradeço de coração estar participando deste projeto, para mim, é uma honra!
Mas, esse ano, fiz as contas, e tenho aproximadamente 15 anos de carreira como DJ. Contando desde aquele comecinho, onde agente começa a flertar com tudo de bacana que envolve a carreira de um verdadeiro DJ.
VC é considerado um dos pioneiros da musica eletrônica underground em uma área longe de um grande centro. Qual é a força da musica eletrônica no norte Fluminense?
Sinceramente, não sei se sou um dos pioneiros, mas posso dizer, que botei minha cara pra bater por um bom tempo. No interior, tem uma galera que tenta fazer acontecer a coisa. Eu na minha cidade, por exemplo, no sentido do underground, estou extremamente sozinho! Não tenho nenhum colega de profissão que faça o mesmo. Mas temos uma galera que luta. Tem um excelente DJ de Dubstep, o DJ Nnj, o Moranes que por muito tempo fez sua correria no Drum’n’Bass, tem a galera de Macaé/Rio das Ostras, que varia desde a House Music as batidas quebradas do Drum’n’Bass. Teve o Tai Head, que por muito tempo fez excelentes trabalhos como residente na extinta bunker, que se não me engano mora em Petrópolis... Mas é difícil, muito difícil remar contra a maré.
Afinal Rodrigo, qual é a diferença entra o mainstream e o underground da eletrônica?
Difícil responder esta pergunta. Podemos assim dizer que o mainstream, vem do povo, da massa. Adaptando a nossa profissão, o mainstream, é produzido com um objetivo de ser de fácil assimilação pelo publico. O underground, normalmente, são conceitos que temos de projetos, conceitos, estilos que são trabalhados fora dos holofotes, sem preocupação com grandes públicos. O que temos sempre que ficar ligados, é que o underground de hoje, com a grande rede, a internet, sem sombra de duvidas, poderá ser o mainstream de amanha. O electro era super underground, rolou umas modificações, algumas coisas bem características de sons mais comerciais, e assim se tornou um som muito acessível, e digerido pela massa. A nossa querida House Music, como todo mundo sabe, tem seu pé fixado no underground. Mas sempre tem gente querendo inovar, sem se preocupar com o resultado final, de vendagens entre outros aspectos, fazendo assim, um som extremamente underground. Em tempo: A musicalidade é muito ampla, e com isso, muita coisa está ficando muito misturada.
Existe um publico especifico que curte o underground eletrônico?
Lógico! Poderia ser até maior, fato! São Paulo, temos o D-Edge, como um dos maiores clubs do mundo, e com artistas do primeiro escalão da cena alternativa mundial. No Rio de Janeiro, temos casas como Fosfobox, Dama de Ferro por exemplo, que vai sobrevivendo, com eventos feitos para um publico específico. Mas sem sombra de dúvidas, o Mainstream é o publico mais forte.
Eu nunca escondi que cresci no mainstream, pago minhas contas com o mainstream, mas não deixo de pesquisar o que gosto de tocar. Estou sempre “perdendo” horas e horas, mesmo morando tão longe da capital, para que se aparecer uma data onde eu possa fazer meu som, esteja preparado e antenado com tudo que rola pelo mundo.
Vc esteve presente no "Fuck the beach" qual foi a sensação de tocar entre uma verdadeira seleção de DJs, novos e consagrados?
Só tenho a agradecer ao grande DJ Bruno Correa, pelo convite. E muito gratificante, mas muito mesmo, você poder tocar com grandes nomes e novos, numa festa extremamente underground. E você no fim das contas, fazendo um som que eu curto, e receber excelentes feedbacks.
Um dia antes, tinha tocado na Hideaway, casa extremamente Mainstream, a convite do meu grande amigo Renato Edde. E o meu notebook, deu problema. Então, a sorte que tinha uns backups que me salvaram na Fuck The Beach. Tudo poderia ter ido por água abaixo. Foi um set super bacana, mas confesso que tinha separado uns outros sons, que não pude tocar pra galera!
Cara,não pude resistir. Por que "FUCK THE BEACH"?
Pense comigo: Janeiro, Rio de Janeiro bombando com pessoas de todo o mundo. Uma festa que começa as 23 horas de sábado, e termina as 00:00 (pelo que sei, não fiquei até o fim...o povo estava super animado, e nem um pouco com pressa de sair dali!) de domingo. Tem que ser muito boa a coisa, de fazer o povo deixar de ir pra praia, pra poder curtir vários DJs das mais variadas vertentes, alguns famosos, e outros nem tanto, buscando seu lugar ao sol! Então, foda-se a praia, e vamos curtir música boa!
Além do "Fuck the Beach" vc esteve na HEY DJ! da Rio Music Conference, que simplesmente é o Maior encontro sobre música eletrônica e entretenimento do Hemisfério Sul e foi o grande vencedor. O que isso significou para a sua carreira?
Muita coisa! Como você mesmo disse, é um evento de grande porte. Abriu muitas portas para mim, fui recebido muito melhor por DJs, tinha uma abertura maior pra poder conversar, trocar informações com pessoas que sempre quis conversar. Em questão de datas, muito pouco mudou a minha vida. Muitas outras coisas alem de ganhar um concurso, tem que ser feitas para que a coisa aconteça de verdade. O mais legal, foi que como um outro concurso que fui um dos selecionados, em seguida, que foi o Oi Geração Eletrônica, ambos foram sets bem undergrounds. Gravei meu set, com alma, sem me preocupar com o resultado final. Fiz para mostrar o meu trabalho que tenho muita dificuldade de mostrar por estar fora de um grande centro. E deu certo! E para completar, por ter sido vencedor do concurso da RMC, o top dos tops, DJ MEMÊ, me convidou para eu dar uma “palhinha” no seu mega evento, que promoveu durante a RMC, que foi a primeira festa da Defected. Não estava no line-up oficial, mas isso foi o que menos importou! Acho que o reconhecimento de um grande DJ como o Memê foi mais que suficiente!
2011 parece ter sido muito bom pra vc, além de todos esses eventos vc foi nomeado como dj revelação no DJSound music Awards! Como foi ser reconhecido entre os melhores djs do pais?
Fico feliz de ter sido lembrado! Alguém lá da DJ Sound, deve conhecer o meu trabalho, e lembrou do meu nome! Acredito que possa ser revelação mesmo, pois não tenho minha carreira tão curtinha, mas não sou veterano, e o pouco que fiz pela cena, tem tudo com pouco tempo. E fiz muito pouco ainda, mas muito pouco, pra não dizer quase nada. Falta um pouco de coragem, e uma graninha sobrando, pra poder me aventurar um pouco mais por esse grandioso pais nosso! Mas, é mais uma vitoria que vou guardar com muito carinho no meu release! Não ganhei dinheiro, mas 2011 me rendeu boas historias para contar!
Mudando de assunto, o que vc acha daqueles que atacam de dj?
Estão atrapalhando demais, não da pra esconder. As coisas acontecem muito mais rápido para quem dá esses ataques de DJ. Uma coisa agente tem que tirar de positivo: Ser DJ hoje ta sendo uma honra pra muita gente! É uma pena, que nem todo mundo, consegue receber como merece. Muitos que atacam de DJ, tem seu devido reconhecimento, na outra profissão que exerce paralelamente. O que mais me deixa triste, é quando a pessoa que ataca de DJ, não faz um trabalho digno. Temos ai o Raul Boesel que era piloto, o André Marques que tem uma técnica ótima, o Lucio Mauro Filho eu sei que é DJ há tempos, mas nunca o vi tocar, e muito menos o que ele toca... Mas fizeram por onde, e não só pegaram CDs mixados ou colocam musicas de qualquer maneira... Incomoda um pouco, mas fazer o que né? É a exposição e o destaque que a carreira de DJ está tendo atualmente.
Na cena DJ muitas vezes vc pode ser muito bom dj e nunca ter a oportunidade de mostrar seu trabalho. Como foi seu caminho ate onde vc chegou?
Fiquei sendo conhecido por muitos DJs, que iam tocar em minha região, e chegavam esperando que iriam ter apenas um bando de mortos de fome tocando. E agente tava lá fazendo um trabalho bem legal! Jr Von Held, DJ PT, um dos que começou o movimento todo na cidade, junto com Marcelo Gomes e França no funk, Junior que hoje trabalha com informática e mora em BH, fez muito pela cidade...E digamos, que vim da segunda geração, junto com Marcelo Brazil, o DJ e Remixer Raphael Gomes, que na década passada, fez muita coisa legal tocada por muita gente bacana, entre outros. Daí vieram uns 50 Djs. Alguns lutam para fazer um trabalho digno, mas a coisa ta tão poluída, que fico com pena de quem ta chegando agora, o momento pode parecer que está legal para quem está começando, mas acredito que esteja horrível. Falta aquela gana, faltam ídolos para quem ta chegando. Eu passei por todos os estágios, gastei o que tinha e o que não tinha, freqüentava a baronneti desde 2001, pois conhecia o Lelo Lorenzo e o Luciano Roffer, que estão por lá ate hoje, esporadicamente. Até poder assumir as cabines desse club que significou muito para mim, foram noites e noites, só ouvindo e aprendendo com os residentes. Me trouxe muita bagagem. O resto, foi correria e luta mesmo! Acho que uma coisa que tem que ser dita, escolha seu grupo, em qualquer segmento, você tem que ter sua galera, as pessoas que você acredita que pode te ajudar. E desde o começo, minhas amizades mudaram muito pouco.
Ahhh... Se ficar aqui falando sobre quem não toca, rende um livro! Ai envolve polemicas sobre promoters, network, a famosa forçada de barra, muito comum atualmente, o marketing extremamente mentiroso usado por muitos, onde você lê um release e parece que o DJ, que vc conhece há tanto tempo, tem mais fama que o top 1 da DJ Mag, ou Da Resident Advisor! É super complicado! So sei de uma coisa: Muita coisa que eu acreditei, que as pessoas que me ensinaram me passaram, ficaram para trás, com toda essa massificação do que é ser DJ. Tive que me readaptar em muita coisa. E sei que muita coisa que ainda não aceitei, me atrapalha a ir mais longe. Mas vamos em frente, não podemos também abandonar todos nossos objetivos e convicções. Isso sim é a verdadeira definição da palavra conceito!
Quais são seus futuros projetos?
Não vou ser um daqueles que pra encher lingüiça, fala que está cheio de metas. Sinceramente, não tracei nenhuma para este ano de 2012. Uma coisa que gostaria muito de realizar, era tocar junto com meu amigo e grande referencia, DJ Marcio Careca, em uma noite no D-Edge que deve abrir no Rio de Janeiro. Acho que seria mais um sonho realizado. No resto, trabalhar, pesquisar, e fazer as coisas que eu acredito.
Vc também produz musica eletrônica?
Já arrisquei em fazer algumas coisas em parcerias, mas não gosto de forçar a barra, mesmo sabendo que a produção musical (infelizmente) é o caminho mais rápido para o reconhecimento. Muita gente, faz sucesso com produção, mas é de mediano para fraco como DJ. Isso é ruim. Mas acho interessante a arte de produzir uma musica ou remix. Mas acho que tudo tem que ser natural, não aquele desespero de ser produtor, e sim, fazer em primeiro lugar, algo que encaixe no seu perfil, e que você ouça e acredite, e lógico: toque e se possível, adquirir algum sucesso com o resultado final!
A cena dj esta passando por uma crise, a maioria dos djs de pequenos eventos sofrem e
muitos top djs começaram a se sentir incomodados. Na sua opinião o que deveria mudar?
Não sei se vocês concordam, mas os grandes DJs de evento, os que tem mais tempo no mercado de eventos, começaram na noite, e depois levaram o feeling, que aprenderam nas residências, nos clubs, para os eventos particulares. Passam um pouco de dificuldade no começo, mas a experiência faz tirar de letra, e com certeza, saber inovar mais. Falta um pouco disso, na minha opinião, pois conheço muitos DJs de evento, novatos, que so sabem tocar em festas fechadas e não sabem segurar uma pista de um club. Hoje temos cartão de credito, e com isso, você compra suas 4 peças de luz, e 2 caixas de som, e já começa sendo um “DJ”. Do mesmo jeito que quando comecei, as coisas foram muito mais fáceis, pois existia a CDJ, e em um cd, se gravava 10 musicas, ao invés de um vinil. O que mais me incomoda é a desvalorização. O cara gasta grana com tudo, tanto numa boate como em um casamento, por exemplo. E o DJ, independente de qual época ele veio, tem que saber da importância de seu trabalho, neste momento, sendo a pessoa mais importante disso tudo. VALORIZAÇÃO é a parada! Entendo, que quem começa não tem como cobrar como um veterano, porem, não pode também dar muito mole, senão não sai do lugar!
Qual é sua preferencia? Vinil,CD ou MP3?
MP3!!! Amo o vinil, mas não me imagino mais comprando, mesmo sendo mágico, abrir aquele vinil que tanto esperava, lacradinho! Cd, é uma alternativa, mas não faço muita questão.
Há uma grande polemica entre os djs a respeito da tecnologia, no seu parecer a tecnologia ajuda ou atrapalha a cena dj?
Ajuda! E muito! Até para os mais puristas: Porque não comprar um bom notebook, e um traktor, serato, a placa da m-audio entre outras que temos no mercado, e ultiliza-las? Você tem uma infinita quantidade de possibilidades, tanto tocando com controladora, com vinil ou com cd! Vale de sua imaginação e boa vontade para sempre inovar.
Eu particularmente sempre fui um daqueles que adoro tecnologia, mas uso o básico dela: não sou de usar efeitos, teclados entre outras intervenções tecnológicas. Me preocupo sempre com o carisma com o publico e o feeling da pista. Se você se prender demais em tecnologia, você acaba esquecendo-se de quem mais você tem que dar valor: O PÚBLICO!
Tuiu, vc é a favor ou contra a regularização da profissão? Vc acha que a regularização mudaria algo?
Sinceramente não sei. Eu mesmo não sei dizer se sou a favor ou não. Como não sou residente de todo dia, não sei quais seriam as vantagens para mim. Acho que disso tudo, poder ter uma aposentadoria, seria a maior vitoria. Quem que é DJ, e não e de família com uma condição razoável, não tem medo do futuro? Nossa carreira é um risco grandioso. Espero que não seja apenas um cabide de emprego, e muito menos um meio das pessoas se aproveitarem, os sindicatos. Torço muito para que algo de bom aconteça para nós.
Há muito dj veterano que acha que a garotada que esta surgindo na cena fica muito prisioneira aos recursos de BPM,sync,etc...vc acha que isso atrapalha o desenvolvimento do dj novato?
Eu uso o Sync! Quem me conhece, sabe disso! Para que esconder? Mas, lógico, ajuda e muito quem ta chegando. Mas mesmo assim vejo tanto novato fazendo lambança nas noites...Confesso que esperava que ajudaria mais! O novato tem é que se preocupar em saber levar uma pista, isso sim! Hoje o cara toca 3 horinhas e já diz que fez long set... Pensa bem, a que ponto chegamos!
O que vc acha de quem anuncia e vende curso de DJ com 16 horas de duração? Vc acredita que um leigo possa sair DJ de um curso desses?
Não. Teve uma DJ, Glaucia Duarte, daki de Itaperuna. Ela toca Tribal House. Eu dei o curso pra ela com 30 minutos! Ensinei como faz o cue, tirei umas duvidas dela e falei: Pronto, acabou a primeira parte do curso, eu vou ali e você fica ai treinando! Ela ficou apavorada! Mas pensa como foi o começo de carreira dos DJs, lá no primórdio...A pessoa tem que aprender com o tempo, a noite tem que ensinar! Não acredito que só curso, faça um DJ. Sem contar aqueles que fazem o curso, e não compram nem um fone após terminar o curso. Na pior das hipóteses, tenha um amigo DJ, para que você possa praticar. Pratica e o mínimo. O resto vai conquistando com horas e horas de pista, prestando atenção em quem você admira o trabalho.
Como um dj que ralou muito pra chegar onde vc chegou é legal tocar em grandes eventos. Quando vc esta no palco em frente de centenas, ate milhares de fans o que vc tenta transmitir pra eles?
Alegria! Carisma é super importante, você passar confiança para o publico, te da um pouco mais de tranqüilidade, e lhe dá mais chances de poder arriscar um pouco mais! Isso ajuda demais!
Para terminar 2u, qual seria a mensagem para os fans de musica eletrônica em todo Brasil?
Vamos valorizar nossos artistas nacionais, os que realmente merecem o reconhecimento! E lógico, vamos curtir boas festas, pois tem muita noite bacana por ai, sendo produzida por gente cheia de boas intenções. Estamos numa fase onde o Underground, está se misturando muito com o Mainstream, e isso está sendo ótimo para todo mundo. E quem ganha com isso tudo é o publico! E muita musica boa na alma!
E se vc curtiu o Rodrigo 2u vc pode ouvi-lo nesse link:
mais um sucesso com certeza, acertou no projeto boca!!! Rodrigo, perfeito cara!!!!respostas inteligentíssimas e bem explicativas!!!! parabens!!!
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